quarta-feira, 30 de abril de 2003

Cortando o Cordão Umbilical

Cortar depois de parar de pulsar ou não? A prática mais comum hoje em dia é cortar o cordão assim que o bebê nasce. Alguns médicos esperam o cordão parar de pulsar, outros até deixam o pai cortar o cordão - se assim for a vontade do casal.

Mas quais os verdadeiros benefícios de deixar o cordão parar de pulsar antes que seja cortado?

Segundo a pediatra Ana Paula Caldas Machado existem duas correntes de pensamento sobre esse procedimento: uma delas defende o clampeamento imediato alegando que o bebê ficando muito tempo preso ao cordão e mais baixo que a mãe receberia uma "transfusão" de sangue e isso aumentaria o risco de policitemia (o sangue fica muito concentrado, causando problemas ao bebê).

A outra corrente diz que é melhor esperar o cordão parar de pulsar, pois enquanto pulsa o bebê ainda recebe sangue oxigenado da placenta e assim ele tem mais tempo para se adaptar à respiração com seus próprios pulmões.

Ana Paula ainda diz que o que faz o bebê chorar é justamente a transição de um ambiente para outro, e não está relacionado com o clampeamento do cordão umbilical, que demora alguns minutos para parar de pulsar.

Há algumas exceções, quando o cordão deve ser cortado imediatamente, como caso de HIV e provavelmente incompatibilidade entre o tipo sanguíneo da mãe e do bebê (mãe sendo Rh negativo). Quem explica é a obstetra Roxana Knobel.

Quando há alguma complicação no parto, também é recomendável que o clampeamento seja feito rapidamente. "Quando o bebê não está legal, o cordão deve ser imediatamente cortado, para que o pediatra possa dar assistência. Realmente não dá para fazer nenhuma manobra ou procedimento mais invasivo com o cordão ainda ligado à placenta", afirma Roxana.

Para quem estiver mais interessado em clampeamento de cordão umbilical, confira o livro Assistência ao parto, aborto e puerpério, do Ministério da Saúde. E o site, em inglês, The Dangers of Early Clamping of the Umbilical Cord.

Educando as futuras gerações

O assunto surgiu quando uma mãe comentou sobre um vídeo da Xuxa onde apareciam crianças conversando sobre como bebês vinham ao mundo. Uma das crianças diz que é o médico quem tira o bebê da barriga da mamãe.

Isso nos mostra uma cultura da cesárea que já está arraigada na mente das crianças de hoje. Como podemos esperar das meninas de hoje que tenham partos normais ou naturais quando se tornarem mães se hoje o que é considerado normal é o "médico tirar o bebê da barriga da mãe"?

Mesmo não sendo um fator hereditário, a experiência das mães com certeza influencia a escolha das filhas no futuro. Uma menina cuja mãe tenha feito cesáreas, ou tenha tido uma má experiência do parto normal, não poderá passar para a filha que a melhor opção é o parto vaginal.

O Ricardo foi enfático:

Mulheres como a Xuxa são apenas porta vozes inconscientes de um modelo subjacente que desvaloriza o feminino, e enxerga aquilo que a mulher tem de mais rico e único num entrave ao seu desenvolvimento e crescimento. Vão deixar assim? Vão continuar caladas? Vão permitir que digam às suas filhas que útero é um órgão que serve só pra ter câncer e filhos (dito por um obstetra da minha cidade), que parir é coisa de pobre, que vagina é coisa suja, que dar o peito é falta de decoro, etc...?

Ninguém vai dizer nada em nome das mulheres?

Ninguém vai tomar as dores em nome do feminino?

Como diz o "Meherit" Odent: "que estamos fazendo com a nossa civilização,

mon Dieu?"

É... o trabalho é maior do que imaginávamos!

terça-feira, 29 de abril de 2003

Relatos de Partos variados

Visitei o site da Marisa Rocha, do Espaço Gen. Fala de humanização no parto, tem link pro amigas do parto. Pelo jeito, ela deve participar da lista...

Peguei esses relatos lá (tem desde parto de cócoras, parto normal VBAC até cesárea indicada):

Mas essas são outras estórias...

Planos de Parto - como evitar certas intervenções hospitalares, fazendo um acordo com o seu obstetra

Os planos de parto são um direito da gestante. Ele consiste de decisões da gestante juntamente com o médico para evitar intervenções que de certa prejudicam o andamento do parto no ponto-de-vista da gestante e do bebê. Por exemplo, um item do plano de parto pode ser "o bebê deve mamar assim que nascer e se o mesmo tiver vontade" ou "o cordão só deve ser cortado quando parar de pulsar" ou "gostaria que o meu marido e a minha mãe assistissem o meu parto" ou "o exame de apgar deve ser feito no meu colo" etc etc etc. Tudo isso aproxima a mãe e o bebê e diminui o excesso de intervenções desnecessárias, rotineiras e às vezes prejudiciais dos hospitais.

segunda-feira, 28 de abril de 2003

VBAC/PNAC - riscos de fazer parto normal após cesárea

O papo esses dias tem sido sobre ter parto normal após cesárea (VBAC ou PNAC)

Sobre o parto normal após cesárea, estamos discutindo que os médicos em geral não fazem parto domiciliar, e nem as casas de parto. Para conseguir se livrar de uma cesárea nesse caso só mesmo encontrando um médico a favor do PNAC (parto normal após cesárea). Não adianta o médico aceitar fazer PNAC. Ele deve realmente acreditar que isso é possível e que os riscos de um PNAC são menores que de uma segunda cesariana.

Outra questão foi sobre até quando ficar em trabalho de parto (TP) em casa, para as mulheres que vão fazer PNAC. O Ricardo falou que o correto é esperar ao máximo em casa, para quando chegar no hospital a criança já estar nascendo e não dar tempo de quererem induzir o parto. Porém, como ele sempre faz partos domiciliares, mesmo em caso de PNAC, não tem muita idéia de quando ir para o hospital. Sugere que isso seja feito assim que as contrações estiverem fortes e pouco espaçadas. Segundo ele, o risco de ruptura uterina no parto normal após cesárea (PNAC) é muito pequeno, mas as chances aumentam muito quando o parto é induzido (utilização de Citotec).

Todas nós temos um risco pequeno de ter ruptura uterina durante o parto, mesmo as que não fizeram cesárea. O risco é ligeiramente maior quando foi feita uma cesárea anterior, principalmente se o tempo que passou após ela for curto. Nada que não permita a realização do parto normal. Fazer uma "cesárea preventiva" para evitar a ruptura uterina seria trocar um risco pelo outro. Quando se usa indução esse risco aumenta e a anestesia também prejudica pois inibe a dor da ruptura.

Para saber mais consulte aqui