quarta-feira, 27 de agosto de 2003

Carta ao meu ex-obstetra

Faria,

Pensei muito antes de te escrever, afinal a minha mãe, Silvia, foi e é sua fã durante esses 20 anos que te conhece. Por causa dela te escolhi para ser meu médico durante esse momento tão especial que foi a minha gravidez. A gestação do meu primeiro filho. Após uma cansativa jornada de muitas angústia, raiva, tristeza e decepção de exatos 9 meses, é chegado o grande dia de lavar a alma.

Escolhi essa data pq é o tempo exato de uma gestação. Talvez você nem se lembre disso, já que as gestantes que entram no seu consultório tem uma chance muito maior de terem suas gravidezes interrompidas aos 8 meses e meio, de uma maneira muito mais tranquila pra você. Uma intervenção cirúrgica.

Depositei toda a minha confiança em você, acreditando que pudesse me proporcionar uma gestação e um parto seguro, baseado no meu desejo. Mas você, a toda consulta, sempre se mostrou distante, técnico e frio, medicalizando minha gravidez e monitorando meu filho através de exames invasivos e sem necessidade, sem incentivar minha participação no processo.

Jamais você se preocupou em me indicar exercícios para fortalecer meu períneo, nem me deu dicas de como me preparar para o parto normal. Toda vez que eu falava em parto, você dizia pra deixar pra depois. Não me explicou nem se quer como eram os estágios do trabalho de parto, e nem como era uma contração. Em nenhum momento você me preparou para um parto normal e não fez isso pq sabia desde o início que seria uma cesárea. Você sempre soube disso, pq sabia como conseguir uma. E conseguiu.

Você nunca foi a favor do parto normal, apesar de ter me dito isso na primeira consulta. Você ignorou meu desejo de parir meu filho de forma natural, me aterrorizou com resultados de exames que muito provavelmente não atrapalhariam o meu parto. E eu sempre fui uma grávida de baixo risco.

Como uma pessoa informada que é, com tantos anos de profissão, você sabe que o índice de bebês que se enrolam em cordões é muito alto. Cerca de 30%. Da mesma maneira você sabe que bebês podem nascer de parto normal, nessas condições. Se você não sabe como faz, pergunte a sua mãe ou a alguma tia sua, como era quando elas nasceram. Quando não existia essa cirurgia que vocês adoram, crianças nasciam enlaçadas, com seus cordões desenrolados no momento do parto. E se não for possível, você sabe que hoje em dia dá tempo de fazer a cirurgia. E você, Faria, também sabe. É muito melhor e mais seguro que a mulher entre em trabalho de parto, pois ele que indica que o bebê está pronto pra nascer. Mas você preferiu me enrolar, dizer que era arriscado pro bebê continuar na minha barriga. Preferiu falar que não valia a pena e que seria muito "arriscado" e poderiam acontecer "imprevistos". Ainda me "tranquilou" (a si mesmo) dizendo que "cesárea não era um bicho de 7 cabeças".

Muito melhor seria pra ele se nascesse numa quarta-feira às 19:00. Engraçado que era bem no horário vago da sua agenda, naquele dia que você não atende no consultório. Talvez seja por isso que você não me disse que numa próxima gravidez já seria considerada uma grávida já não tão de baixo risco. Tenho uma cesárea prévia, e você sabe que aqui no Brasil, poucos médicos fazem parto normal após cesariana. Também não me disse dos riscos de infecção, nem de desconforto respiratório do bebê, nada disso. Afinal, não te interessava. O bom era falar que parto normal era arriscado. E cesárea, super segura, não é mesmo?

Sabe, Faria, o parto não pode ser um evento só seu e da sua equipe. Deixe isso ser vivido pela mulher. Dê a ela, o que é só dela. Ao inventar aquele motivo para me operar, você tirou de mim uma grande oportunidade de vivenciar o momento mais importante da minha vida. Você naquele momento me colocou como coadjuvante no processo (como sempre foi, desde o pré-natal).

Você se aproveitou da minha ingenuidade e inexperiência, para me desencorajar do meu parto, para me fazer acreditar que eu não poderia ser capaz de parir meu filho.

Fico pensando diariamente...

Como alguém pode fazer uma operação em outra, cortar 7 camadas dos seu corpo, retirar seu filho antes do tempo de nascer, por puro e simples comodismo?!

Como alguém pode impedir que mulheres se tornem mais confiantes e seguras, parindo elas mesmas seus filhos, protagonizando seus partos, simplesmente pq é mais fácil que elas fiquem "na mão" da equipe!?

Como alguém pode submeter mulheres e seus filhos a um risco de morte 10x maior, sujeitas a um risco maior de infecção hospitalar, depressão pós-parto, desenvolvimento de endometriose, bebês com sofrimento respiratório (como foi o caso do João, que ficou 14 horas na UTI), entre outros, pq não querem perder seus tempos "respeitando" a hora do nascimento!?

Penso que isso é uma coisa muito grave. Pessoas vão pra cadeia por motivos muito menores que esse.

Atendimentos como o seu e o da maioria dos médicos, principalmente da rede particular, me envergonham profundamente. No Brasil, o parto já perdeu há muito tempo, sua essência feminina, natural e fisiológica. Se transformou em algo que deva ser medicalizado e centrado na figura do médico. A protagonização desse evento foi tomado da mulher e entregue nas mãos dos médicos, que se utilizam do excesso de intervenções e tecnologias, de forma desenfreada, quase sempre pra se encontrar desculpas como as que você inventou, para me fazer uma cirurgia desnecessária.

Por outro lado, tudo isso não foi de todo ruim. Graças a essa imensa decepção, pude me fortalecer. Essa carta também é pra comunicar que após esses 9 meses, nasceu uma nova pessoa. Morreu a alienada, passiva, que não acreditava nas suas capacidades. E nasceu uma mulher mais forte, ativa, corajosa, que acima de tudo ouve os seus desejos, nem que para isso tenha que trocar de médico cem vezes. Passei a ler muito sobre o assunto, e fiz até um site que ajuda mulheres a se safarem de médicos como você. No meu site posso fazer indicações de médicos que realmente acreditam que mulheres podem parir, e tem certeza que o parto é um acontecimento fisiológico e natural. Já consegui ajudar algumas mulheres a não cometerem a besteira de continuar com um médico cesarista. E hoje sou uma grande defensora do parto natural, onde intervenções só são feitas quando realmente necessárias. No final do mês de agosto, farei um curso para que possa acompanhar, informar e confortar gestantes nesse momento crucial das suas vidas, o nascimento dos seus filhos. Sei que a minha presença no parto delas pode reduzir pela metade o número de cesáreas desnecessárias como a que você me fez. E só isso já me deixa muito feliz!

Um abraço. E quem sabe ainda não nos encontramos por aí, em algum hospital da vida.

Ingrid e João (nascido em 23/10/02, de cesárea de "emergência", mas marcada com antecedência)

segunda-feira, 25 de agosto de 2003

Resultado da segunda enquete: Se pudesse escolher, que parto teria?



O resultado confirma: 80,80% das mulheres que visitaram o blog, preferem ter parto vaginal, seja ele normal hospitalar, natural hospitalar ou natural domiciliar. Apenas 19,20% preferem uma cesárea eletiva.

Por que então, no resultado da Enquete: Que tipo de parto você teve tivemos o resultado de 58,18% de cesarianas e 41,82% de partos vaginais?

Será que o alto índice de cesarianas no Brasil se deve realmente a preferência feminina!? Ou será que nossos médicos mesmo preferem fazer cesáreas, mesmo que sejam desnecessárias!?

O índice recomendado pela OMS seria de 15% de cesarianas. No Brasil, em hospitais hospitalares, esse índice muitas vezes ultrapassa 90%.

Veja mais nessa matéria que saiu recentemente no Estadão: Mulheres preferem normal. Médicos, cesárea

quarta-feira, 20 de agosto de 2003

Medo e falta de informação confundem grávidas na hora de escolher o tipo de parto

Patricia Vieitez - Americana

O Brasil já foi campeão mundial em realização de cesáreas. Hoje, quem ocupa a liderança é o vizinho Chile. Aqui a realidade mudou depois que o Ministério da Saúde decidiu acatar, em 2000, as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre partos, entre elas, um teto máximo de 15% de cesarianas. Mesmo assim, segundo a co-fundadora do site www.amigasdoparto.com.br e presidente da ONG Parto e Companhia, Adriana Tanese Nogueira, o índice chega a 40%.

Em clínicas particulares o número mais que dobra: entre 70% e 95% dos partos realizados são cirúrgicos. Na opinião dela, o que gera isso é uma desinformação generalizada. Por um lado, a gestante não sabe como e o que considerar para fazer a opção, por outro muitos médicos dão preferência para a cesárea.

A balconista Rosemery Henrique Costola, 24, está para ter o primeiro filho, mas há meses havia se decidido pela cesárea. Segundo ela, não é medo da dor e sim dos riscos que ela acredita passar se fizer um parto normal. "O pessoal fala muita coisa, tem que tomar cuidado que passa da hora do bebê nascer, a placenta pode descolar, acontece tanto erro médico que não dá para confiar", justificou. Seu obstetra chegou a pedir que ela pensasse melhor, mas não se opôs à decisão.

De acordo com o diretor técnico do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, o obstetra Libório Albim, o que favorece esse tipo de posição é realmente a falta de informação, mas também a cultura popular. "Há um certo mito que o normal gera mais complicações fetais, o que não é verdade".

Inclusive, a verdade está bem longe disso. No parto natural as complicações são menores: há menos incidência de infecções, complicações hemorrágicas pós-parto e a recuperação da paciente é mais rápida.

Entretanto, porquê o alto índice de cesarianas? Adriana acredita que os médicos abusam da prática cirúrgica porque a cesariana é mais prática e econômica. Enquanto um parto normal pode durar entre seis e sete horas e cerca de uma hora é suficiente para uma cesariana, o que significa otimização de tempo e ganhos com outras atividades.

Outro fator que ela considera influente nas altas taxas de cesarianas é a formação médica, "mais voltada para o uso de tecnologia". "Há carência na formação para lidar com um evento sobre o qual não se tem controle", avaliou.

Albim admitiu que existe um "próprio fator médico" nesse quadro, pois os especialistas precisam ter muitos empregos "para ganhar um X", mas a segurança da cesárea, que evoluiu muito, também faz com que alguns médicos realizem mais cirurgias que partos normais.

Além disso, o fator psicológico relacionado à dor e ao sofrimento com a possibilidade de horas de trabalho de parto, faz com que a paciente e a própria família chegue a exigir uma cesariana, relatou.

Ele mesmo não vê grandes desvantagens com a cirurgia. "Pode ser programada, tem segurança muito elevada e limita a dor do trabalho de parto. É muito difícil uma paciente que quer o parto normal".

Totalmente avessa às cesáreas, Adriana explicou que nem o parto normal é feito de acordo com as recomendações da OMS e acaba sendo uma experiência traumática para a mulher. "Ela fica deitada, despida de tudo, deixada sozinha", argumentou, dizendo que o fato de ficar imobilizada e monitorada só gera um estado de ansiedade "porque se supõe que algo pode dar errado".

Segundo Adriana, pesquisas comprovam que quanto mais ela andar, mais estiver amparada pelas pessoas que ama, mais rápido e mais fácil será o processo. Inclusive, no Estado de São Paulo há uma lei que garante à mulher o direito de ter um acompanhante de sua escolha antes, durante e depois do parto, o que nem sempre é permitido nos hospitais.

NORMAL

Em 2002, Nova Odessa e Paulínia registraram mais partos normais que cesarianas, pelo menos no setor público. Mas Americana, apesar de ter acumulado mais cesáreas em 2002, está aumentando o índice de normais, segundo Albim. "Hoje a média de partos normais é, no mínimo, 50% maior que de cesarianas", afirmou. E isso só está acontecendo porque o Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, implantou um plantão efetivo de obstetrícia. Assim, os médicos ficam dentro do hospital cumprindo a carga horária que lhes é devida e não são chamados só na hora que o bebê está para nascer. "Agora eles podem acompanhar tudo de perto".

A auxiliar administrativa Marta Teixeira Lima, 34, não tem dúvidas: quer parto normal. "Vou ficar frustrada se não conseguir", atestou, dizendo que acha o parto normal "mais bonito e mais saudável".

Marta disse não temer a dor, que acredita ser suportável, tanto que nem quer o parto totalmente sem dor, prefere só a anestesia local para o corte do períneo. "Minhas tias e minha mãe tiveram partos normais", lembrou.

E o "dia D" está chegando. O menino, Pedro Lucas, está previsto para chegar a qualquer momento. A expectativa pelo parto normal pode durar até dia 25, data máxima que ela vai poder esperar o sinal. Mas nada de nervosismo. "Estou bem tranqüilona", garante.

quinta-feira, 14 de agosto de 2003

Para obstetra francês Michel Odent, parto humanizado aumenta vínculo entre mãe e bebê

AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo


O parto "moderno", realizado por cesáreas ou com a ajuda de hormônios sintéticos que aumentam as contrações, leva a uma diminuição do vínculo entre mãe e filho. No parto natural, o organismo das fêmeas libera uma série de hormônios, entre eles a ocitocina, responsável pelas contrações e pelo forte apego que imediatamente sentem pelo filhote.

O obstetra francês Michel Odent, que defende o parto humanizado, chama a ocitocina de "hormônio do amor". Em um dos seus livros, ele relata que ratas virgens, que receberam sangue de ratas recém paridas, se apegaram imediatamente a filhotes colocados ao seu lado.

Autor de dez livros, entre eles "A Cientificação do Amor" e "O Renascimento do Parto", Michel Odent esteve no Brasil para lançar seu último trabalho, "O Camponês e a Parteira - Uma Alternativa à Industrialização da Agricultura e do Parto" (Editora Ground, 192 páginas, R$ 26).

Odent prega uma atitude "biodinâmica", que proteja e dê segurança à mulher, "radicalmente diferente da atitude médica dominante" na maioria dos países.

Pioneiro

Pioneiro na adoção de práticas do nascimento humanizado, como casas e banheiras de parto, ele veio ao Brasil a convite da Rehuna, Rede pela Humanização do Parto e Nascimento, que congrega mais de cem instituições, entre organizações não-governamentais, pesquisadores de universidades, órgãos de governos e grupos de mulheres de todo o país.

No ano passado, a Rehuna lançou uma campanha pelo direito de a mulher brasileira escolher o acompanhante na hora do parto. Esse direito é previsto em lei no Estado de São Paulo, mas não é cumprido ainda por muitos hospitais, públicos e privados. Parte dessa bandeira é a inclusão nas maternidades das doulas, voluntárias treinadas que acompanham as mulheres quando entram no hospital.

Um dos argumentos da rede a favor do parto humanizado é que ele favorece a redução do número de cesáreas, prática na qual o Brasil é um dos campeões. Da mesma forma, a Rehuna defende o parto humanizado como contraponto a uma série de procedimentos médicos desnecessários.

Um desses procedimentos é a episiotomia, pequeno corte nas laterais da vagina feito na hora do nascimento do bebê. A rede que trouxe Michel Odent ao Brasil vai lançar no final de maio uma campanha nacional contra as episiotomias desnecessárias.

Abaixo, trechos da entrevista com o obstetra francês:

Folha - É possível dizer que hoje mãe e filho são mais respeitados no nascimento do que foram antes?

Michel Odent - Há uma vontade crescente de ser mais respeitoso com as mães e seus bebês, mas a prioridade hoje é redescobrir as necessidades das mulheres em trabalho de parto e de seus bebês. (...) Atualmente, a prioridade é satisfazer as necessidades mamíferas básicas, isto é, satisfazer a necessidade da mulher de se sentir segura e a sua necessidade de ter privacidade.

Folha - Quais as forças contrárias ao parto humanizado?

Odent - São, de maneira geral, a falta de interesse em relação aos efeitos, a longo prazo, da maneira pela qual nascemos e uma dificuldade de pensar em termos de civilização. A questão central é o desenvolvimento do que chamo de uma atitude biodinâmica em relação ao parto, que é radicalmente diferente da atitude médica dominante. Hoje, quando o trabalho de parto é longo e difícil, a reação comum é substituir os hormônios naturais que a mulher não está liberando por equivalentes farmacológicos. Outra atitude médica é recorrer de imediato à cesariana.

Folha - E como pode-se explicar uma atitude biodinâmica?

Odent - Uma atitude biodinâmica implicaria, como primeira opção, tentar modificar o ambiente para que a mulher pudesse fazer uso, com maior facilidade, de seu potencial fisiológico. Por exemplo, se o parto está difícil e doloroso, o convencional é recorrer a uma anestesia peridural, enquanto uma atitude biodinâmica seria recorrer, em primeiro lugar, a uma banheira de parto.

quarta-feira, 13 de agosto de 2003

Quem são as Doulas

O que significa "doula"

A palavra "doula" vem do grego "mulher que serve". Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto.

Antigamente a parturiente era acompanhada durante todo o parto por mulheres mais experientes, suas mães, as irmãs mais velhas, vizinhas, geralmente mulheres que já tinham filhos e já haviam passado por aquilo. Depois do parto, durante as primeiras semanas de vida do bebê, estavam sempre na casa da mulher parida, cuidando dos afazeres domésticos, cozinhando, ajudando a cuidar das outras crianças.

Conforme o parto foi passando para a esfera médica e nossas famílias foram ficando cada vez menores, fomos perdendo o contato com as mulheres mais experientes. Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstétrica, a auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com sua função bastante definida no cenário do parto.

O médico está ocupado com os aspectos técnicos do parto. As enfermeiras obstetras passam de leito em leito, se ocupando hora de uma, hora de outra mulher. As auxiliares de enfermeira cuidam para que nada falte ao médico e à enfermeira obstetra. O pediatra cuida do bebê. Apesar de toda a especialização, ficou uma lacuna: quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional daquela mãe que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela doula ou acompanhante do parto.

O ambiente impessoal dos hospitais, a presença de grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mulher, tende a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetiva, e a doula se encarregará de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar.

O que a doula faz?

Antes do parto a ela orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas.

Durante o parto a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Ela explica os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc..

Após o parto ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.

A doula e o pai ou acompanhante

A doula não substitui o pai (ou o acompanhante escolhido pela mulher) durante o trabalho de parto, muito pelo contrário. O pai muitas vezes não sabe bem como se comportar naquele momento. Não sabe exatamente o que está acontecendo, preocupa-se com a mulher, acaba esquecendo de si próprio. Não sabe necessariamente que tipo de carinho ou massagem a mulher está precisando nessa ou naquela fase do trabalho de parto.

Eventualmente o pai sente-se embaraçado ao demonstrar suas emoções, com medo que isso atrapalhe sua companheira. A doula vai ajudá-lo a confortar a mulher, vai mostrar os melhores pontos de massagem, vai sugerir formas de prestar apoio à mulher na hora da expulsão, já que muitas posições ficam mais confortáveis se houver um suporte físico.

O que a doula não faz?

A doula não executa qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido. Ela não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões.

Vantagens

As pesquisas têm mostrado que a atuação da doula no parto pode:


  • diminuir em 50% as taxas de cesárea
  • diminuir em 20% a duração do trabalho de parto
  • diminuir em 60% os pedidos de anestesia
  • diminuir em 40% o uso da oxitocina
  • diminuir em 40% o uso de forceps.

Embora esses números refiram-se a pesquisas no exterior, é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados.

Ana Cris Duarte
Doulas.com.br

fonte: http://www.doulas.com.br/doulas.html

segunda-feira, 11 de agosto de 2003

Como devo me preparar para o Parto Natural!?

fonte: http://www.maternatura.med.br

Preparação tanto física (condicionamento) como preparação específica para o parto. Deve-se fazer exercícios durante a gravidez, principalmente de alongamento; ficar na posição de cócoras em atividades cotidianas como conversar, assistir televisão, etc.. A natação, por exemplo, melhora o corpo inteiro; a yoga ajuda tanto no alongamento como no treinamento de respiração e na capacidade de concentração.

A respiração é fundamental! Se estiver automatizada (pela repetição) quando chegar o parto saberá tranqüilamente como proceder. A respiração de "cachorrinho" deve ficar para o fim do período de dilatação ou para o expulsivo propriamente dito.

Dar à luz é como escalar uma montanha, além do treinamento físico, obstinação, se não souber administrar o gasto de energia durante o percurso não se atinge o alvo...

Outro recurso que pode ajudar é o Tai-chi chuam, coopera no centrar-se. Caminhar todas as manhãs, começando com um percurso pequeno e ir aumentando gradativamente até atingir 1.500 m, isto massageia o pé e evita o inchaço, ajuda no retorno venoso, tanto a mulher descalça ou com um calçado de sola resistente - não de borracha.

Alimentação deve ser o mais natural possível, evitando-se principalmente o açúcar e todos os alimentos que o contenha (refrigerantes, sorvetes, etc.).

Evitar enlatados. Dar preferência pela manhã às frutas, sucos e cereais. As refeições devem ser precedidas de uma boa dose de alimentos crus (saladas). Evitar oleosos, muito óleo na comida, frituras, etc., pois além de não fazer bem para o fígado, também vai deixar sua pele muito oleosa.

Para que se escute a música que somente fizer bem no momento do parto, pode-se gravar uma fita com antecedência, escutá-la na gravidez, e particularmente durante parto. Preferencialmente músicas que a mãe sinta que o bebê ficou bem, tranqüilo, calmo.

Algumas experiências revelam que se, após o parto, o bebê estiver meio agitado, colocando-se estas músicas que escutava durante a gravidez acalma-se de pronto.

Quem vai estar presente?

A resposta é bem particular. Não há regras. Há mães que gostariam de festa, gente por perto, massagem, confete... outras podem preferir só a presença do marido e da equipe médica e não ser incomodada com nada, ficar na dela....

Se escolher alguém, procure quem já lhe conhece bastante, que lhe trás segurança, e se for mulher, que tenha tido uma BOA EXPERIENCIA DE PARTO, o que de partida já contra-indica quase a maioria das mães.

Outra coisa que não se deve tirar da cabeça é que a decisão REAL do local do parto é quando entrar em trabalho de parto, e mesmo assim se houver fatores que determinem um transporte para o hospital, ele será feito a tempo, isto é antes que ocorram complicações.

Por isso deve-se ter a mente aberta para o desenrolar não ser como o ideal previsto, pois O DETERMINANTE DAS DECISOES É A SEGURANÇA DO BINOMIO MATERNO-FETAL, aceitamos a frustração mas não a decepção.

A EQUIPE deve ser escolhida com carinho. Deve-se conhecer outras pessoas que já tiveram partos com esta equipe, procure informações na Internet sobre o tipo de parto que você esta escolhendo.É interessante pensar em uma doula.

No caso de realmente optarem pela experiência do parto não-hospitalar, primeiramente deve-se imaginar como tudo vai acontecer, onde gostaria de ter seu bebê, e fazer todos os preparativos necessários. Se optar pela sua casa, escolher o "cantinho" onde o bebê vai nascer, colocar um colchão no chão, almofadas..., um abajur com luz azul ajuda a relaxar.

Por volta da 37a semana fazemos uma visita preliminar ao seu lar, onde discutiremos os detalhes não abordados nesta comunicação. Caso prefira tê-lo na Clínica, visite o lugar, tenha uma experiência de aromaterapia, desfrute da banheira enquanto grávida, e deixe claro que esta é a sua opção.

domingo, 10 de agosto de 2003

Parto Domiciliar/Casa de Parto

fonte: http://www.maternatura.med.br/

Esta forma de nascer tem sido escolhida por muitos casais que tem a possibilidade de um parto hospitalar por convicções pessoais sobre o que um parto deve ser para eles.

Tem sido criticada pela maioria dos médicos em geral, porém há muitos dados e informações que estes não tem acesso, talvez depois de ler este COMPLETÍSSIMO documento poderiam pelo menos não dizer que quem pensa em um parto assim é louco, mas sabe muito bem o que está querendo na vida.

Favor conferir: IS HOMEBIRTH FOR YOU? 6 mitos do parto domiciliar discutidos. Editora Janet Tripton, publicado em 1990 pelos Friends of homebirth.

Outros artigos disponíveis:

São dicas práticas, com algumas observações histórico-sociais, para melhor compreensão do contexto moderno de atenção ao parto.

Estas dicas valem tanto para quem deseja um parto natural, hospitalar, domiciliar, em Clínicas de parto ou mesmo uma cesariana.

Parto não institucional:


História

Um parto fora do hospital, apesar de ser um acontecimento não muito comum, não é algo assim tão extraordinário.

Afinal, muitos dos nossos pais nasceram em casa. Em um passado não muito remoto, este era o meio mais comum de se vir ao mundo, por exemplo: na cidade de São Paulo, em 1958 cerca de 55% dos partos foram domiciliares.

Em muitos lugares do Brasil ainda se nasce assim (regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste) onde existem poucos hospitais, ou é muito difícil o acesso a centros terciários de atenção a saúde. A ressalva é que nestes casos o parto geralmente é realizado por matronas, ou parteiras tradicionais.

Depois (década de 60) veio a modernização!! A tecnologia! A produção em série, que infelizmente também acabou contaminando a saúde. Não que isto em si seja ruim, mas que acaba relegando ao descrédito muitos elementos que são benéficos a humanidade. Aliás o homem moderno sofre dos efeitos deste processo, onde temos um desenvolvimento tecnológico cada vez maior em detrimento da perda da qualidade humana, um homem agressivo. Mais tecnologia e menos segurança social, menos felicidade. Junto com a moda do modernismo, onde o que o melhor é o que é mais novo, passou-se a nascer nos hospitais. Lá é que é seguro! MODERNISMO. A televisão é o veículo homogeneizador.

Um liqüidificador do pensamento da sociedade. Mas será que tudo o que é mostrado às pessoas é verdade? Será que todos estão contentes com estas mudanças?

Parece que não! O mundo desenvolvido, tanto nos centros desenvolvidos dos países do terceiro mundo como nos países de primeiro mundo, assiste a um certo retorno ao verde, ao primitivo, ao natural. Em todos os lugares temos lojas de produtos naturais, nos supermercados, nas farmácias. Todos querem ter plantas vivas em suas casas. A homeopatia se expande em progressão geométrica, pelos seus resultados e não pela propaganda. A acupuntura também adquire cada vez com mais adeptos. Em vários países são proibidos aditivos alimentares artificiais, corantes, etc., particularmente nos Estados Unidos, onde se constatou a toxicidade de vários elementos.

O "movimento Leboyer", na década de 70, desencadeou a luta por um parto mais natural no mundo inteiro.

Porque um poeta que lançou ao mundo imagens e conceitos em forma de poesia (não de experimentos "científicos" provocou uma revolução tão grande?

Em muitos países desenvolvidos aumenta o interesse em se dar à luz no próprio domicílio, principalmente nos EEUU, Inglaterra, Austrália e França. A Holanda tem hoje em dia cerca de 35% de todos os nascimentos no domicílio, e com uma das menores taxas de mortalidade infantil da Europa, e a menor inflação de toda a Europa! (sem contar o melhor rendimento entre o capital investido na saúde e a melhoria dos resultados perinatais...)

Por que um parto em casa?

Por que estas pessoas estão preferindo tal caminho?

Por que um casal iria preferir um parto desta maneira, sem intervenção, sem drogas, sem anestesia, em uma posição "primitiva" , e as vezes na sua própria casa?

A resposta é complexa e os motivos são variados e pessoais. Mas temos visto, entre muitos, que alguns querem desfrutar da atmosfera tranqüila e já bem conhecida do próprio lar, sem luzes ofuscantes, sem cheiros estranhos, tendo ao seu lado somente pessoas que já conheçam e com as quais possuem um laço afetivo (em vez de profissionais da enfermagem, que aguardam o fim de seu plantão para poder ir descansar, e com quem nunca travou nenhum conhecimento). Outros querem a possibilidade de ficar com o bebê após o nascimento o tempo que for possível, e não entregá-lo a um pediatra antes de tocá-lo, vê-lo, senti-lo, e depois poder dar um banho morno, prazeroso e demorado. Curtir o nenê que acabou de nascer!. Outros ão querem o atendimento massificado dos hospitais, onde serão um número a mais, a paciente do 314, ou o bebê numero 597.

Interessante lembrar que GRAVIDA não é paciente, pois não esta doente, apenas vai de um bebê. É portanto uma PARTURIENTE.

Outras mulheres tem medo de hospital, ou entrar nele implica na lembrança de ocorrências passadas muito desagradáveis suas ou familiares (abortamentos, cirurgias, acidentes, contaminações hospitalares) ou a perda de pessoas próximas queridas.

Alguns casais querem ter um parto dentro d'água, modalidade esta que ainda não possível em hospital no Brasil (ou muito raramente) e preferem ter sue bebê no domicílio.

Algumas temem por infeção hospitalar. Outras fazem questão da presença constante do marido, (e por que não participação?) raramente permitido em muitos hospitais.

O pressuposto comum destas motivações é que o parto não é uma doença, salvo em gestações de risco. É um fenômeno fisiológico. Acreditamos que cerca de 40 % dos partos possam ocorrer fora do hospital, seja em casa de parto ou nos domicílios, conquanto que atinjam determinadas condições de seguridade.

De qualquer maneira a decisão final vai ser tomada SOMENTE QUANDO SE ENTRA EM TRABALHO DE PARTO, mesmo com condições propícias de um pré-natal normal. Neste momento se examina a parturiente, se escuta o batimento do coração do nenê através de um aparelho chamado "Doppler" durante várias contrações, se avalia as condições da mãe, de pressão arterial, dilatação do colo uterino.

É seguro este parto?

Na verdade há um protocolo para ser aplicado no pré-natal no sentido de reconhecer gestação de risco, que possa necessitar de intervenção ou assistência especializada:
  • crescimento uterino (bebê) nem muito grande (maior que 4.200) nem muito pequeno (pode ser sinal de insuficiência placentária ou outra patologia).
  • nunca ter tido uma cesariana (fator relativo, não absoluto)
  • pressão arterial normal (também relativo)
  • apresentação cefálica
  • gestação a termo (entre 37 e 41 semanas) antes ou depois desta época deve-se discutir com o casal os prós e contras de todas as opções
Além disto a anuência TOTAL do marido é condição fundamental. Portanto é necessária a discussão prévia entre o casal e depois complementar com informações médicas, se necessário.

É claro que existe um RISCO. Como também existe em um parto no hospital. Todo parto é potencialmente um momento de risco. É importante que este seja assumido por TODOS. Ainda não sabemos qual dos dois é o de maior risco, se o hospitalar ou domiciliar, para casos específicos.

Acreditamos que ambos tem suas indicações, portanto o parto em casa não é o melhor, mas é bom para aqueles que o julgam bom. Outros casos vão ter contra-indicação médica para ocorrer em casa, para estes o parto hospitalar é o melhor.

Pensando bem, o bebê é o fruto de um ato de amor e isso não se faz ou acontece em qualquer lugar, e diríamos, requer certos preparativos e condições. É preciso uma atmosfera..., atração, intimidade..., privacidade... sem ruídos (barulho de outros filhos) ou cheiros estranhos, ninguém olhando ou presenciando. No início apenas toques, sensualidade e poucas palavras. Olhares interpenetrantes. O instinto falando mais forte que a razão.

O parto também deve e pode acontecer envolto nos mesmos predicados e adjetivos, adicionados do respeito ao bebê.

O parto é um fenômeno da esfera sexual, onde afloram elementos do mais profundo inconsciente. Instinto puro. Animal. Portanto é preciso não coibi-lo para que este elemento instintivo se manifeste. A palavra chave é LIBERDADE. Liberdade de expressão, de movimento, de poder deixar-se acontecer.

A parturiente pode querer gritar, sem ficar encabulada ou com a sensação que se está incomodando alguém ao lado ou contrariando uma regra, como em muitos hospitais é proibido (ou incomoda) gritar. Poder assumir a posição que for mais confortável para ela nos diferentes momentos. Poder ficar sem roupa na frente das pessoas sem sentir vergonha, afinal já são pessoas conhecidas, e o parto é um momento onde a mulher, quando ensimesmada, age mais livremente.

Algumas pessoas quando viajam ficam dias e dias sem evacuar, pois o intestino só funciona na própria casa. Não seria o parto um fenômeno mais complexo do que o funcionamento do intestino? Eu conheço pessoas que ficam uma semana sem evacuar quando estão fora de seu ambiente de referência, seu lar.

Um anel muscular que não se abre em situação de adversidade, sem se sentir a vontade.

Trazendo isto para o parto, não poderia haver uma coibição do processo de abertura do colo, por se estar em um "terreno estranho", em um ambiente hostil para a parturiente como o é o hospital para muitas pessoas?

Muitas cesarianas ocorrem porque o colo não dilatou, Sendo o colo um anel, um orifíco, que vai se abrir aos poucos também, será que sua dilatação não estaria sujeita à influência de fatores psicogênicos?

Diz-se que quando uma pessoa está tensa ela contrai os esfíncteres, será que em um ambiente não hospitalar este processo de dilatação não ocorreria mais facilmente? Um ambiente onde a mulher se sentisse mais a vontade, mais segura.

Poder ficar com o bebê em contato pele a pele logo depois do parto, o tempo que quiser, é realmente um privilégio.

Olhar dentro dos olhos, levar ao seio caso ele queira sugar algo (o que vai ajudar a eliminação da placenta e diminuir a perda sangüínea) também o são. Durante a espera dos 9 meses, muita comunicação indireta, telepática, planos de carinho, pensamentos, se fizeram, e, acabariam frustados caso não seja possível este contato direto com o recém nascido, como acontece na maioria dos hospitais, onde o bebê é levado para ser examinado, e na volta a mãe da uma "olhadinha" para o seu bebê que vai ficar em observação por 3-4 horas em berço aquecido.

Os primeiros instantes após o nascimento são fundamentais para a criação de uma ligação. Chamada em inglês de "bonding". Um elo. Laços profundos se estabelecem. Portanto acreditamos que o melhor lugar para um recém-nascido ficar é o colo, a barriga da sua própria mãe, que normalmente é a pessoa maior interessada no bem esta do bebê.

Já foi observado que se anestesiamos uma carneira logo após dar à luz, ao acordar, ela não reconhece seus filhotes como seus. Elas os renega. Esta identificação, esta troca de olhares, fluidos, cheiros, parece ser muito importante. Certa feita uma jaguatirica deu a luz em Campinas, interior de São Paulo, no zoológico do Bosque dos Jequitibas, e o maior cuidado tomado era não tocar na cria, em hipótese alguma, pois se a mãe sentisse algum outro cheiro que não da sua cria, ela abandona a cria, deixa de reconhecer como sua.

E porque também não lembrar a figura do pai, que antigamente ficava na sala de espera aguardando acender a luz azul ou rosa, qual seria a importância de ver e participar do nascimento do seu próprio filho?

Vemos que é muito prazeroso e agradável para o bebê que chega tomar um banho após o parto. É relaxante.

A água deve ser morninha, na temperatura do corpo. Não precisa pressa.

Ele adora e sorri em retribuição. Freqüentemente abre os olho e tenta "reconhecer" o ambiente. Geralmente está cansado, não deve ser fácil nascer. Este procedimento pode ser realizado pelo pai, enquanto a mãe recebe os cuidados pós parto, além de ser bom para o homem presenciar o esforço que exige um parto de sua esposa.

Para a mamãe o parto também não é fácil. Principalmente se não houve uma preparação durante a gravidez.

terça-feira, 5 de agosto de 2003

Nascimento: Humanizado x Clássico

Parto normal em decúbito dorsal, parto de cócoras, parto na água, parto de quatro, cesariana... não existe um melhor tipo de parto. Tudo depende das circunstâncias. Uma coisa é certa: parto bom é aquele que você pode ter.

A posição do parto normal em decúbito dorsal é muito favorável... para o médico obstetra, que fica numa confortável posição para observar tudo de camarote - a mãe que se conforme, naquela posição desagradável, passiva, de pernas para o ar. Só quem é mulher sabe... Mas, felizmente, não tem que ser obrigatoriamente assim.

O parto normal numa posição mais vertical favorece naturalmente a saída do bebê, pois tem a força da gravidade trabalhando a seu favor. Já foi comprovado cientificamente que, acocorada, a parturiente pode fazer cerca de 30% a menos de força do que se estivesse deitada.

O que tem que ser banido definitivamente é o preconceito a respeito do parto. Idéias pré-concebidas sobre um tipo ou outro de parto, que passam de geração em geração, constituem fantasmas ultrapassados que só servem para atrapalhar a cabeça da futura mamãe!

Em nome de Deus, esqueça tudo o que você viu no cinema, na televisão!!! É tudo um exagero!! Não dê ouvidos ao que a grande maioria das pessoas fala por aí, mesmo pessoas públicas. Infelizmente, quase todo o mundo é muito mal informado a este respeito. Ouvem o galo cantar, não se sabe onde, e repetem o que aprenderam sem questionar, sem pesquisar o que é realmente válido e correto!!

Atenção! Procure se informar com critério e bom senso. Converse com pessoas realmente esclarecidas, e não com gente que não está nem aí para o modo como seu filho vai vir ao mundo. Leia Leboyer!!! E entenda a sensação do nascimento pela ótica do bebê.

Rejeite energicamente a idéia de que o bebê não sente e não registra o seu nascimento! Ao nascer, a criança tem uma sensação muito intensa de tudo o que acontece, e grava tudo em seu cérebro. Então, se é tudo um sofrimento cruel, a primeira sensação que ela retém da experiência do nascimento - e portanto da vida - é negativa.

Pode estar certa: o nascimento é uma experiência extremamente importante para a formação do ser humano, e quanto mais humanizado for este nascimento, melhor para a criança, melhor para os pais e melhor para o mundo!

Durante a gestação, as sensações do bebê são, preponderantemente, de prazer e conforto. Então, maior é o choque e o trauma do nascimento quando este é vivido de uma forma ortodoxa, não humanizada, brutal.

Assim sendo, procure se colocar na situação do bebê, pensando da seguinte maneira:

Você está lá no quentinho, escurinho, aconchegada, protegida e nutrida dentro da barriga de sua mãe.

De repente tudo em volta começa a esmagá-la e empurrá-la sem parar. Você finalmente sai (talvez sem querer) pela única passagem que há disponível... bom aí vai depender do tipo de parto que está rolando. Veja abaixo as seguintes possibilidades:

A) Nascimento Humanizado

Você sai! Que susto, tudo muda. Não tem mais nada a apertando. Tem uma luz... novidade. Não tem mais líquido a envolvendo e sim o ar... coisa nova, que além do mais invade seus pulmões sem piedade. Você berra protestando a repentina mudança e expelindo restos de líquido amniótico!

Ok, mas a temperatura está amena (sem aquele ar glacial de sala de cirurgia), o ambiente está na penumbra (sem luz forte em cima de você). Alguém a ampara com carinho e delicadeza (não a pendura de cabeça para baixo) e a coloca sobre o ventre de sua mãe que lhe dá o peito; você se aconchega sugando à vontade.

Só então, depois de vários minutos, é que cortam o cordão umbilical, quando este já parou de pulsar e você já está respirando normalmente.

Bom, aí tudo bemmmm!!! Maravilha... você se sente segura, confortável, nutrida. Houve um choque inicial que logo foi amainado e compensado pelo respeito e delicadeza com que você foi recebida.

De alguma forma, você manterá um bom registro desta experiência avassaladora que é nascer, pois houve perícia, carinho e humanidade naquele momento.

B) Nascimento Clássico

Você sai! Que susto, tudo muda. Pegam-na pelos calcanhares e penduram-na de cabeça para baixo para que restos de líquido amniótico e secreções saiam pela boca e nariz.

Não satisfeitos lhe ministram uma palmada no traseiro para você berrar e garantir a respiração, e, não raro, ainda lhe enfiam uns tubos no nariz e garganta (que descem pelo esôfago e traquéia) para aspirar o resto das secreções.

Nestas alturas - sem terem lhe dado o devido tempo para se oxigenar através da respiração - já cortaram seu cordão umbilical, que nem tinha ainda parado de pulsar!! Que susto brutal você leva - o oxigênio não chega mais por onde costumava! Você tem que respirar apressada, lutar pela vida rápido!!!

Aí, título de evitar uma conjuntivite neo-natal, pingam-lhe umas gotas nos olhos que ardem pra chuchu.

Se bobear, ainda lhe administram uma injeção de vitamina K, para efeitos preventivos - coisa que, normalmente, nem é necessária. Serve apenas para assegurar a tranqüilidade da equipe médica.

Tudo isso com verdadeiros holofotes em cima de você, numa temperatura glacial. Depois disso, vão medi-la, pesá-la (num prato de balança provavelmente frio e duro) banhá-la sabe Deus como e, finalmente, embrulhá-la numas roupas apertadas.

Cadê a barriga que a envolvia, nutria e protegia? Sumiu! Você nem sentiu sua mãe por perto ainda.

Colocam-na num berçário com um bando de bebês em volta berrando, bem longe da sua hospedeira, num berço imóvel e duro. O que é isso companheira?????????????

A vida é isso??????????? Ela tem que ser assim??????

Pense bem...

Entender a abordagem de Frederick Leboyer e humanizar o parto... esta é uma das coisas mais importantes que você fará pelo seu filho... e por você mesma!

segunda-feira, 4 de agosto de 2003

Mulheres defendem parto humanizado na web - O Estado de SP

O objetivo do blog Parto Humanizado é fornecer informações às futuras mães sobre o parto e promover discussões sobre o assunto. A criadora do blog, Ingrid Lotfi, é membra do Amigas do Parto, grupo que defende que a mulher tome suas próprias decisões no momento do parto e seja bem tratada. Ingrid publica posts sobre
dores, posições, amamentação, bebês prematuros e diferença entre parto normal e cesárea. Também protesta contra o alto número de cesáreas, que considera abusivo, e divulga quais são os direitos das mães durante o parto.

http://www.estado.estadao.com.br/suplementos/info/2003/08/04/info004.html

domingo, 3 de agosto de 2003

Indicação de livro

Parto Ativo


partoativo

Sinopse: Este livro apresenta exercicios, baseado na Yoga para a gravidez, vao conduzi-la aos seus proprios instintos para o trabalho de parto, e paralelamente vao cultivar os procedimentos corporais adequados e naturais para uma gravidez saudavel.

Autor: Janet Balaskas
Editora: Ground