domingo, 22 de junho de 2003

"A tendência é a opção pelo parto normal"

Simone Paulino
Pedro Paulo Monteleone, do CRM
Na opinião do presidente do CRM (Conselho Regional de Medicina), Pedro Paulo Monteleone, a mulher tem sim o direito de escolher como quer ter seu filho. Entretanto, ele afirma que muito dificilmente uma paciente que esteja adequadamente informada sobre os prós e os contras da cesárea, e que tenha confiança no seu médico, vai preferir a cesárea ao parto normal.
"A mulher que deseja e está disposta a fazer cesárea deve ser ouvida, mas o médico por sua vez tem autonomia para aceitar ou não essa decisão da mulher", diz. De acordo com ele, o médico tem que informar sua paciente muito bem. Tem que mostrar que os riscos inerentes à cesárea são 3 a 4 vezes maiores do que no parto normal e que há de 30 a 40 vezes mais chances de infecção hospitalar.
"A mulher tem o direito de escolher, mas há um limite. Ela não pode decidir no lugar do médico. Se o bebê não está sofrendo, se ela não tem problema de má formação da bacia, se o feto não tem problema de desenvolvimento, não há por que fazer uma cesárea", diz.
Para ele, o fato de as cesáreas serem feitas em grande número no Brasil também está relacionado à má qualidade do atendimento obstétrico. Monteleone diz que em muitas maternidades - principalmente as do interior dos Estados - grande número de partos são feitos por enfermeiros, muitos deles despreparados.
"O SUS também tem que pagar melhor a assistência obstétrica", reivindica. Monteleone afirma que às vezes o sistema paga tão mal que não dá para contratar enfermeiras especializadas para acompanhar os partos.
Outro ponto importante na opinião dele é fazer novas campanhas de esclarecimento e de incentivo ao parto normal, explicando os riscos e desmitificando a idéia de que a dor do parto normal é insuportável. Uma campanha lançado em 1997 pelo Conselho Federal de Medicina teve esse objetivo, mas ainda não há números sobre os resultados.
fonte:http://www.unifesp.br/comunicacao/jpta/ed125/debate1.htm

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