Parto normal em decúbito dorsal, parto de cócoras, parto na água, parto de quatro, cesariana... não existe um melhor tipo de parto. Tudo depende das circunstâncias. Uma coisa é certa: parto bom é aquele que você pode ter.
A posição do parto normal em decúbito dorsal é muito favorável... para o médico obstetra, que fica numa confortável posição para observar tudo de camarote - a mãe que se conforme, naquela posição desagradável, passiva, de pernas para o ar. Só quem é mulher sabe... Mas, felizmente, não tem que ser obrigatoriamente assim.
O parto normal numa posição mais vertical favorece naturalmente a saída do bebê, pois tem a força da gravidade trabalhando a seu favor. Já foi comprovado cientificamente que, acocorada, a parturiente pode fazer cerca de 30% a menos de força do que se estivesse deitada.
O que tem que ser banido definitivamente é o preconceito a respeito do parto. Idéias pré-concebidas sobre um tipo ou outro de parto, que passam de geração em geração, constituem fantasmas ultrapassados que só servem para atrapalhar a cabeça da futura mamãe!
Em nome de Deus, esqueça tudo o que você viu no cinema, na televisão!!! É tudo um exagero!! Não dê ouvidos ao que a grande maioria das pessoas fala por aí, mesmo pessoas públicas. Infelizmente, quase todo o mundo é muito mal informado a este respeito. Ouvem o galo cantar, não se sabe onde, e repetem o que aprenderam sem questionar, sem pesquisar o que é realmente válido e correto!!
Atenção! Procure se informar com critério e bom senso. Converse com pessoas realmente esclarecidas, e não com gente que não está nem aí para o modo como seu filho vai vir ao mundo. Leia Leboyer!!! E entenda a sensação do nascimento pela ótica do bebê.
Rejeite energicamente a idéia de que o bebê não sente e não registra o seu nascimento! Ao nascer, a criança tem uma sensação muito intensa de tudo o que acontece, e grava tudo em seu cérebro. Então, se é tudo um sofrimento cruel, a primeira sensação que ela retém da experiência do nascimento - e portanto da vida - é negativa.
Pode estar certa: o nascimento é uma experiência extremamente importante para a formação do ser humano, e quanto mais humanizado for este nascimento, melhor para a criança, melhor para os pais e melhor para o mundo!
Durante a gestação, as sensações do bebê são, preponderantemente, de prazer e conforto. Então, maior é o choque e o trauma do nascimento quando este é vivido de uma forma ortodoxa, não humanizada, brutal.
Assim sendo, procure se colocar na situação do bebê, pensando da seguinte maneira:
Você está lá no quentinho, escurinho, aconchegada, protegida e nutrida dentro da barriga de sua mãe.
De repente tudo em volta começa a esmagá-la e empurrá-la sem parar. Você finalmente sai (talvez sem querer) pela única passagem que há disponível... bom aí vai depender do tipo de parto que está rolando. Veja abaixo as seguintes possibilidades:
A) Nascimento Humanizado
Você sai! Que susto, tudo muda. Não tem mais nada a apertando. Tem uma luz... novidade. Não tem mais líquido a envolvendo e sim o ar... coisa nova, que além do mais invade seus pulmões sem piedade. Você berra protestando a repentina mudança e expelindo restos de líquido amniótico!
Ok, mas a temperatura está amena (sem aquele ar glacial de sala de cirurgia), o ambiente está na penumbra (sem luz forte em cima de você). Alguém a ampara com carinho e delicadeza (não a pendura de cabeça para baixo) e a coloca sobre o ventre de sua mãe que lhe dá o peito; você se aconchega sugando à vontade.
Só então, depois de vários minutos, é que cortam o cordão umbilical, quando este já parou de pulsar e você já está respirando normalmente.
Bom, aí tudo bemmmm!!! Maravilha... você se sente segura, confortável, nutrida. Houve um choque inicial que logo foi amainado e compensado pelo respeito e delicadeza com que você foi recebida.
De alguma forma, você manterá um bom registro desta experiência avassaladora que é nascer, pois houve perícia, carinho e humanidade naquele momento.
B) Nascimento Clássico
Você sai! Que susto, tudo muda. Pegam-na pelos calcanhares e penduram-na de cabeça para baixo para que restos de líquido amniótico e secreções saiam pela boca e nariz.
Não satisfeitos lhe ministram uma palmada no traseiro para você berrar e garantir a respiração, e, não raro, ainda lhe enfiam uns tubos no nariz e garganta (que descem pelo esôfago e traquéia) para aspirar o resto das secreções.
Nestas alturas - sem terem lhe dado o devido tempo para se oxigenar através da respiração - já cortaram seu cordão umbilical, que nem tinha ainda parado de pulsar!! Que susto brutal você leva - o oxigênio não chega mais por onde costumava! Você tem que respirar apressada, lutar pela vida rápido!!!
Aí, título de evitar uma conjuntivite neo-natal, pingam-lhe umas gotas nos olhos que ardem pra chuchu.
Se bobear, ainda lhe administram uma injeção de vitamina K, para efeitos preventivos - coisa que, normalmente, nem é necessária. Serve apenas para assegurar a tranqüilidade da equipe médica.
Tudo isso com verdadeiros holofotes em cima de você, numa temperatura glacial. Depois disso, vão medi-la, pesá-la (num prato de balança provavelmente frio e duro) banhá-la sabe Deus como e, finalmente, embrulhá-la numas roupas apertadas.
Cadê a barriga que a envolvia, nutria e protegia? Sumiu! Você nem sentiu sua mãe por perto ainda.
Colocam-na num berçário com um bando de bebês em volta berrando, bem longe da sua hospedeira, num berço imóvel e duro. O que é isso companheira?????????????
A vida é isso??????????? Ela tem que ser assim??????
Pense bem...
Entender a abordagem de Frederick Leboyer e humanizar o parto... esta é uma das coisas mais importantes que você fará pelo seu filho... e por você mesma!
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