domingo, 10 de agosto de 2003

Parto Domiciliar/Casa de Parto

fonte: http://www.maternatura.med.br/

Esta forma de nascer tem sido escolhida por muitos casais que tem a possibilidade de um parto hospitalar por convicções pessoais sobre o que um parto deve ser para eles.

Tem sido criticada pela maioria dos médicos em geral, porém há muitos dados e informações que estes não tem acesso, talvez depois de ler este COMPLETÍSSIMO documento poderiam pelo menos não dizer que quem pensa em um parto assim é louco, mas sabe muito bem o que está querendo na vida.

Favor conferir: IS HOMEBIRTH FOR YOU? 6 mitos do parto domiciliar discutidos. Editora Janet Tripton, publicado em 1990 pelos Friends of homebirth.

Outros artigos disponíveis:

São dicas práticas, com algumas observações histórico-sociais, para melhor compreensão do contexto moderno de atenção ao parto.

Estas dicas valem tanto para quem deseja um parto natural, hospitalar, domiciliar, em Clínicas de parto ou mesmo uma cesariana.

Parto não institucional:


História

Um parto fora do hospital, apesar de ser um acontecimento não muito comum, não é algo assim tão extraordinário.

Afinal, muitos dos nossos pais nasceram em casa. Em um passado não muito remoto, este era o meio mais comum de se vir ao mundo, por exemplo: na cidade de São Paulo, em 1958 cerca de 55% dos partos foram domiciliares.

Em muitos lugares do Brasil ainda se nasce assim (regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste) onde existem poucos hospitais, ou é muito difícil o acesso a centros terciários de atenção a saúde. A ressalva é que nestes casos o parto geralmente é realizado por matronas, ou parteiras tradicionais.

Depois (década de 60) veio a modernização!! A tecnologia! A produção em série, que infelizmente também acabou contaminando a saúde. Não que isto em si seja ruim, mas que acaba relegando ao descrédito muitos elementos que são benéficos a humanidade. Aliás o homem moderno sofre dos efeitos deste processo, onde temos um desenvolvimento tecnológico cada vez maior em detrimento da perda da qualidade humana, um homem agressivo. Mais tecnologia e menos segurança social, menos felicidade. Junto com a moda do modernismo, onde o que o melhor é o que é mais novo, passou-se a nascer nos hospitais. Lá é que é seguro! MODERNISMO. A televisão é o veículo homogeneizador.

Um liqüidificador do pensamento da sociedade. Mas será que tudo o que é mostrado às pessoas é verdade? Será que todos estão contentes com estas mudanças?

Parece que não! O mundo desenvolvido, tanto nos centros desenvolvidos dos países do terceiro mundo como nos países de primeiro mundo, assiste a um certo retorno ao verde, ao primitivo, ao natural. Em todos os lugares temos lojas de produtos naturais, nos supermercados, nas farmácias. Todos querem ter plantas vivas em suas casas. A homeopatia se expande em progressão geométrica, pelos seus resultados e não pela propaganda. A acupuntura também adquire cada vez com mais adeptos. Em vários países são proibidos aditivos alimentares artificiais, corantes, etc., particularmente nos Estados Unidos, onde se constatou a toxicidade de vários elementos.

O "movimento Leboyer", na década de 70, desencadeou a luta por um parto mais natural no mundo inteiro.

Porque um poeta que lançou ao mundo imagens e conceitos em forma de poesia (não de experimentos "científicos" provocou uma revolução tão grande?

Em muitos países desenvolvidos aumenta o interesse em se dar à luz no próprio domicílio, principalmente nos EEUU, Inglaterra, Austrália e França. A Holanda tem hoje em dia cerca de 35% de todos os nascimentos no domicílio, e com uma das menores taxas de mortalidade infantil da Europa, e a menor inflação de toda a Europa! (sem contar o melhor rendimento entre o capital investido na saúde e a melhoria dos resultados perinatais...)

Por que um parto em casa?

Por que estas pessoas estão preferindo tal caminho?

Por que um casal iria preferir um parto desta maneira, sem intervenção, sem drogas, sem anestesia, em uma posição "primitiva" , e as vezes na sua própria casa?

A resposta é complexa e os motivos são variados e pessoais. Mas temos visto, entre muitos, que alguns querem desfrutar da atmosfera tranqüila e já bem conhecida do próprio lar, sem luzes ofuscantes, sem cheiros estranhos, tendo ao seu lado somente pessoas que já conheçam e com as quais possuem um laço afetivo (em vez de profissionais da enfermagem, que aguardam o fim de seu plantão para poder ir descansar, e com quem nunca travou nenhum conhecimento). Outros querem a possibilidade de ficar com o bebê após o nascimento o tempo que for possível, e não entregá-lo a um pediatra antes de tocá-lo, vê-lo, senti-lo, e depois poder dar um banho morno, prazeroso e demorado. Curtir o nenê que acabou de nascer!. Outros ão querem o atendimento massificado dos hospitais, onde serão um número a mais, a paciente do 314, ou o bebê numero 597.

Interessante lembrar que GRAVIDA não é paciente, pois não esta doente, apenas vai de um bebê. É portanto uma PARTURIENTE.

Outras mulheres tem medo de hospital, ou entrar nele implica na lembrança de ocorrências passadas muito desagradáveis suas ou familiares (abortamentos, cirurgias, acidentes, contaminações hospitalares) ou a perda de pessoas próximas queridas.

Alguns casais querem ter um parto dentro d'água, modalidade esta que ainda não possível em hospital no Brasil (ou muito raramente) e preferem ter sue bebê no domicílio.

Algumas temem por infeção hospitalar. Outras fazem questão da presença constante do marido, (e por que não participação?) raramente permitido em muitos hospitais.

O pressuposto comum destas motivações é que o parto não é uma doença, salvo em gestações de risco. É um fenômeno fisiológico. Acreditamos que cerca de 40 % dos partos possam ocorrer fora do hospital, seja em casa de parto ou nos domicílios, conquanto que atinjam determinadas condições de seguridade.

De qualquer maneira a decisão final vai ser tomada SOMENTE QUANDO SE ENTRA EM TRABALHO DE PARTO, mesmo com condições propícias de um pré-natal normal. Neste momento se examina a parturiente, se escuta o batimento do coração do nenê através de um aparelho chamado "Doppler" durante várias contrações, se avalia as condições da mãe, de pressão arterial, dilatação do colo uterino.

É seguro este parto?

Na verdade há um protocolo para ser aplicado no pré-natal no sentido de reconhecer gestação de risco, que possa necessitar de intervenção ou assistência especializada:
  • crescimento uterino (bebê) nem muito grande (maior que 4.200) nem muito pequeno (pode ser sinal de insuficiência placentária ou outra patologia).
  • nunca ter tido uma cesariana (fator relativo, não absoluto)
  • pressão arterial normal (também relativo)
  • apresentação cefálica
  • gestação a termo (entre 37 e 41 semanas) antes ou depois desta época deve-se discutir com o casal os prós e contras de todas as opções
Além disto a anuência TOTAL do marido é condição fundamental. Portanto é necessária a discussão prévia entre o casal e depois complementar com informações médicas, se necessário.

É claro que existe um RISCO. Como também existe em um parto no hospital. Todo parto é potencialmente um momento de risco. É importante que este seja assumido por TODOS. Ainda não sabemos qual dos dois é o de maior risco, se o hospitalar ou domiciliar, para casos específicos.

Acreditamos que ambos tem suas indicações, portanto o parto em casa não é o melhor, mas é bom para aqueles que o julgam bom. Outros casos vão ter contra-indicação médica para ocorrer em casa, para estes o parto hospitalar é o melhor.

Pensando bem, o bebê é o fruto de um ato de amor e isso não se faz ou acontece em qualquer lugar, e diríamos, requer certos preparativos e condições. É preciso uma atmosfera..., atração, intimidade..., privacidade... sem ruídos (barulho de outros filhos) ou cheiros estranhos, ninguém olhando ou presenciando. No início apenas toques, sensualidade e poucas palavras. Olhares interpenetrantes. O instinto falando mais forte que a razão.

O parto também deve e pode acontecer envolto nos mesmos predicados e adjetivos, adicionados do respeito ao bebê.

O parto é um fenômeno da esfera sexual, onde afloram elementos do mais profundo inconsciente. Instinto puro. Animal. Portanto é preciso não coibi-lo para que este elemento instintivo se manifeste. A palavra chave é LIBERDADE. Liberdade de expressão, de movimento, de poder deixar-se acontecer.

A parturiente pode querer gritar, sem ficar encabulada ou com a sensação que se está incomodando alguém ao lado ou contrariando uma regra, como em muitos hospitais é proibido (ou incomoda) gritar. Poder assumir a posição que for mais confortável para ela nos diferentes momentos. Poder ficar sem roupa na frente das pessoas sem sentir vergonha, afinal já são pessoas conhecidas, e o parto é um momento onde a mulher, quando ensimesmada, age mais livremente.

Algumas pessoas quando viajam ficam dias e dias sem evacuar, pois o intestino só funciona na própria casa. Não seria o parto um fenômeno mais complexo do que o funcionamento do intestino? Eu conheço pessoas que ficam uma semana sem evacuar quando estão fora de seu ambiente de referência, seu lar.

Um anel muscular que não se abre em situação de adversidade, sem se sentir a vontade.

Trazendo isto para o parto, não poderia haver uma coibição do processo de abertura do colo, por se estar em um "terreno estranho", em um ambiente hostil para a parturiente como o é o hospital para muitas pessoas?

Muitas cesarianas ocorrem porque o colo não dilatou, Sendo o colo um anel, um orifíco, que vai se abrir aos poucos também, será que sua dilatação não estaria sujeita à influência de fatores psicogênicos?

Diz-se que quando uma pessoa está tensa ela contrai os esfíncteres, será que em um ambiente não hospitalar este processo de dilatação não ocorreria mais facilmente? Um ambiente onde a mulher se sentisse mais a vontade, mais segura.

Poder ficar com o bebê em contato pele a pele logo depois do parto, o tempo que quiser, é realmente um privilégio.

Olhar dentro dos olhos, levar ao seio caso ele queira sugar algo (o que vai ajudar a eliminação da placenta e diminuir a perda sangüínea) também o são. Durante a espera dos 9 meses, muita comunicação indireta, telepática, planos de carinho, pensamentos, se fizeram, e, acabariam frustados caso não seja possível este contato direto com o recém nascido, como acontece na maioria dos hospitais, onde o bebê é levado para ser examinado, e na volta a mãe da uma "olhadinha" para o seu bebê que vai ficar em observação por 3-4 horas em berço aquecido.

Os primeiros instantes após o nascimento são fundamentais para a criação de uma ligação. Chamada em inglês de "bonding". Um elo. Laços profundos se estabelecem. Portanto acreditamos que o melhor lugar para um recém-nascido ficar é o colo, a barriga da sua própria mãe, que normalmente é a pessoa maior interessada no bem esta do bebê.

Já foi observado que se anestesiamos uma carneira logo após dar à luz, ao acordar, ela não reconhece seus filhotes como seus. Elas os renega. Esta identificação, esta troca de olhares, fluidos, cheiros, parece ser muito importante. Certa feita uma jaguatirica deu a luz em Campinas, interior de São Paulo, no zoológico do Bosque dos Jequitibas, e o maior cuidado tomado era não tocar na cria, em hipótese alguma, pois se a mãe sentisse algum outro cheiro que não da sua cria, ela abandona a cria, deixa de reconhecer como sua.

E porque também não lembrar a figura do pai, que antigamente ficava na sala de espera aguardando acender a luz azul ou rosa, qual seria a importância de ver e participar do nascimento do seu próprio filho?

Vemos que é muito prazeroso e agradável para o bebê que chega tomar um banho após o parto. É relaxante.

A água deve ser morninha, na temperatura do corpo. Não precisa pressa.

Ele adora e sorri em retribuição. Freqüentemente abre os olho e tenta "reconhecer" o ambiente. Geralmente está cansado, não deve ser fácil nascer. Este procedimento pode ser realizado pelo pai, enquanto a mãe recebe os cuidados pós parto, além de ser bom para o homem presenciar o esforço que exige um parto de sua esposa.

Para a mamãe o parto também não é fácil. Principalmente se não houve uma preparação durante a gravidez.

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