Fonte: http://maternar.blogfolha.uol.com.br/2014/12/11/como-a-analgesia-pode-aliviar-as-dores-do-parto/
Quem foi que disse que parto tem que ser com dor? Muitas
mulheres não esperam nem entrar em trabalho de parto e agendam suas cesáreas
com medo da tal temida ‘dor do parto’. Mas, essa dor é tão forte assim? Como
saber se vai suportar sem antes sentir de fato as contrações? Parto humanizado não significa que você não pode, por exemplo, pedir uma analgesia para aliviar
a dor.
O médico anestesista Carlos Eduardo da Costa Martins
explica que a analgesia é uma grande aliada para ter um parto “sem dor”.
Martins diz que ela pode ser aplicada durante o início do trabalho de parto ou
até mesmo no final, dependendo da vontade da mulher.
As dosagens, detalha o médico, são controladas pelo
profissional de acordo com cada fase do parto.
O médico explica que é colocado um cateter na paciente e
que o anestesista fica administrando as soluções analgésicas conforme a
necessidade e aumento da dor da parturiente. Ou seja, depois que é acionado, o
anestesista também fica ao lado da mulher o tempo todo sendo que às vezes o
trabalho pode ser rápido ou levar várias horas. Atualmente, no entanto, isso só
é possível na rede particular de saúde já que na rede pública não há um
anestesista para cada paciente.
“Não há uma receita de bolo quando se fala em analgesia.
Varia de acordo com o momento e da intensidade da dor que passa a paciente.
Damos a dose necessária e suficiente”, explica.
O médico comenta que cerca de 80% das pacientes pedem
analgesia quando estão entre quatro e oito centímetros de dilatação. Mas,
segundo ele, muitas pedem ainda no início do trabalho de parto e outras só no
expulsivo [momento do nascimento do bebê].
Para tomar a analgesia, explica o médico, a mulher
precisa estar com contrações seriadas e, é claro, com dor. Ele comenta que a
interferência do anestesista tem que ser mínima para que a mulher continue a se
mexer durante o trabalho de parto, ou seja, a gestante pode continuar se
movimentando, ficar de cócoras ou achar a melhor posição para poder ter seu
bebê. Mesmo com a analgesia, se for
corretamente administrada, a parturiente consegue andar, agachar e, é claro,
sentir as contrações.
A obstetriz Ana Cristina Duarte explica que a maioria das
mulheres é bastante tolerante às dores das contrações, afinal, as dores são como a onda do mar, ou seja, elas
vem e vão e tem parturientes que chegam a dormir entre uma contração e outra.
“No final do trabalho de parto as dores tendem a se
intensificar e, nessa hora, pode entrar a analgesia se esse for o desejo da
paciente”, comenta a obstetriz.
Foi o caso da jornalista Marcella Chartier, tomou
analgesia quando já estava com oito centímetros de dilatação. Ela conta que
planejava um parto domiciliar, mas foi transferida para o hospital para aliviar
a dor depois de várias horas em trabalho de parto. “Tomei a analgesia e
consegui relaxar e parir”, conta. Segundo Marcella, foi possível sentir as
contrações e se movimentar. “Assim que tomei a analgesia caminhei pelos
corredores do hospital”, conta Marcella, que teve seu bebê em maio de 2012 em
uma maternidade particular de São Paulo.
Marcella diz que se pudesse dar um conselho para as
mulheres que têm medo da dor do parto é que elas aguentam. “Acho que vivemos em
uma sociedade que atrela a dor a doença, mas a dor do parto não é assim. É a
natureza trabalhando. pra depois não sentirmos mais nada. As mulheres que têm
medo da dor eu diria que elas dão conta, como eu dei, até o momento que pedi a
analgesia. É um recurso possível”, comenta.
Nada impede, no entanto, que a mulher receba a analgesia
com poucos centímetros de dilação, como
Silvana Paiva Barreto, 32, tomou a analgesia quando estava com apenas
três centímetros de dilatação – para parir a mulher precisa ter 10 centímetros
de dilatação. Ela conta que a bolsa rompeu de manhã e que à noite estava com
apenas um centímetro de dilatação.
“Meu trabalho de parto não evoluía e comecei a sentir
medo das contrações, além de estar cansada. Não queria tomar analgesia”, diz.
Silvana conta que na hora sentiu muito alívio e que
conseguiu relaxar e descansar e só então o trabalho de parto evoluiu. Como a
dosagem é ministrada pelo anestesista, ela tomou novamente uma analgesia quando
estava com 6 centímetros de dilatação. “Meu bebê nasceu de cócoras, pude sentir
as contrações, mas sem dor. Foi tudo muito calmo e tranquilo, inclusive, o
expulsivo”, diz.
Silvana, que teve uma cesárea no primeiro filho, desta
vez pariu e foi até a cama andando e com o bebê no colo. “A impressão que tenho
é que a analgesia me ajudou a encontrar o equilíbrio, a relaxar e o trabalho de
parto evoluir”, comenta sobre o parto de Joaquim, que aconteceu em março deste
ano.
“Sempre recomendo que as mulheres esperem entrar em
trabalho de parto e sintam que dor é essa. Se ela for maior do que o esperado,
que peçam analgesia”, comenta.
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