segunda-feira, 6 de abril de 2015

Ruptura uterina em mulheres planejando parto vaginal após cesariana prévia (VBAC)

Por: Maíra Libertad - Enfermeira Obstetra.

"O estudo não é novo, tem limitações metodológicas importantes, mas alguns dados são interessantes. Os pesquisadores coletaram dados de todos os casos reportados de ruptura no Reino Unido em 2009-2010 (159 casos analisados, com dados completos).

A taxa de ruptura uterina em mulheres planejando um parto vaginal tendo uma cesárea prévia (VBAC) foi de 21 casos a cada 10.000 nascimentos. Se forem consideradas apenas aquelas que não tiveram indução ou condução do trabalho de parto, esse número cai para 13 em 10.000.

A média de idade gestacional dos casos de ruptura uterina foi de 39 semanas (variando de 8 a 42 semanas). Sete casos ocorreram antes das 24 semanas, sendo 5 deles durante procedimentos de interrupção terapêutica da gestação. Em 21 casos, a mulher tinha cesárea prévia e teve ruptura sem entrar em trabalho de parto ou tentar indução - 14% destas mulheres tinham placenta prévia (condição que aumentou em 28 vezes a chance de ter ruptura uterina). Em 20 casos de ruptura uterina, a mulher não tinha cesárea prévia (3 romperam sem trabalho de parto e 17 em trabalho de parto). Das 139 mulheres com cesárea prévia que tiveram ruptura, 13 tinham 2 ou mais cesáreas - o que aumentou a chance de ruptura em 3 vezes.

Alterações nos batimentos cardíacos fetais foi o sinal mais frequente identificado quando da ruptura uterina (em 76% dos casos), seguido de dor abdominal (49%) e sangramento vaginal (29%).

Das 159 rupturas uterinas, 2 mulheres morreram (1,3%), 15 fizeram histerectomia (9%), 10 tiveram lesão de outros órgãos (6%), 50 foram admitidas em UTI ou similar (31%).

Dos 152 bebês para os quais havia dados completos, 15 foram óbitos fetais (12 antes do parto, sendo 7 deles anteriores à ruptura, e 3 intraparto). Houve ainda 10 mortes neonatais precoces e 41% de admissão em UTI neonatal. A taxa de mortalidade excluindo os casos de óbito fetal anterior à ruptura foi de 124/1000.

Em resumo:
- A taxa de ruptura uterina em VBAC **sem indução ou condução do trabalho de parto** neste estudo foi de 13 em 10.000 ou 1,3 em 1.000 ou 0,13%.
- Rupturas uterinas acontecem (menos frequentemente) mesmo em mulheres sem cesárea prévia e mesmo em mulheres que nem sequer entraram em trabalho de parto.
- Placenta prévia parece ser um fator de risco importante para ruptura uterina.
- Como em qualquer discussão sobre VBAC, é preciso lembrar que os riscos associados se iniciam na PRIMEIRA CESÁREA e não na tentativa de parto em uma gestação atual. Haja vista o risco maior de ruptura uterina em quem tem placenta prévia - condição relacionada fortemente à presença de cicatriz uterina anterior.


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