Por: Maíra Libertad - Enfermeira Obstetra.
"O estudo não é novo, tem limitações metodológicas
importantes, mas alguns dados são interessantes. Os pesquisadores coletaram
dados de todos os casos reportados de ruptura no Reino Unido em 2009-2010 (159
casos analisados, com dados completos).
A taxa de ruptura uterina em mulheres planejando um parto
vaginal tendo uma cesárea prévia (VBAC) foi de 21 casos a cada 10.000
nascimentos. Se forem consideradas apenas aquelas que não tiveram indução ou
condução do trabalho de parto, esse número cai para 13 em 10.000.
A média de idade gestacional dos casos de ruptura uterina
foi de 39 semanas (variando de 8 a 42 semanas). Sete casos ocorreram antes das
24 semanas, sendo 5 deles durante procedimentos de interrupção terapêutica da
gestação. Em 21 casos, a mulher tinha cesárea prévia e teve ruptura sem entrar
em trabalho de parto ou tentar indução - 14% destas mulheres tinham placenta
prévia (condição que aumentou em 28 vezes a chance de ter ruptura uterina). Em
20 casos de ruptura uterina, a mulher não tinha cesárea prévia (3 romperam sem
trabalho de parto e 17 em trabalho de parto). Das 139 mulheres com cesárea
prévia que tiveram ruptura, 13 tinham 2 ou mais cesáreas - o que aumentou a
chance de ruptura em 3 vezes.
Alterações nos batimentos cardíacos fetais foi o sinal
mais frequente identificado quando da ruptura uterina (em 76% dos casos),
seguido de dor abdominal (49%) e sangramento vaginal (29%).
Das 159 rupturas uterinas, 2 mulheres morreram (1,3%), 15
fizeram histerectomia (9%), 10 tiveram lesão de outros órgãos (6%), 50 foram
admitidas em UTI ou similar (31%).
Dos 152 bebês para os quais havia dados completos, 15
foram óbitos fetais (12 antes do parto, sendo 7 deles anteriores à ruptura, e 3
intraparto). Houve ainda 10 mortes neonatais precoces e 41% de admissão em UTI
neonatal. A taxa de mortalidade excluindo os casos de óbito fetal anterior à
ruptura foi de 124/1000.
Em resumo:
- A taxa de ruptura uterina em VBAC **sem indução ou
condução do trabalho de parto** neste estudo foi de 13 em 10.000 ou 1,3 em
1.000 ou 0,13%.
- Rupturas uterinas acontecem (menos frequentemente)
mesmo em mulheres sem cesárea prévia e mesmo em mulheres que nem sequer
entraram em trabalho de parto.
- Placenta prévia parece ser um fator de risco importante
para ruptura uterina.
- Como em qualquer discussão sobre VBAC, é preciso
lembrar que os riscos associados se iniciam na PRIMEIRA CESÁREA e não na
tentativa de parto em uma gestação atual. Haja vista o risco maior de ruptura
uterina em quem tem placenta prévia - condição relacionada fortemente à
presença de cicatriz uterina anterior.
Link para o estudo na íntegra:
http://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371%2Fjournal.pmed.1001184#s4"
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